RELATÓRIOS DE AVALIAÇÃO

Normas de elaboração de um relatório de avaliação

O processo de prestação de serviços da TO começa pela avaliação das necessidades, problemas e preocupações do cliente.
A avaliação faz-se através da definição do perfil ocupacional do cliente, onde se vai compreender a sua história ocupacional, os padrões de vida diária, interesses, valores e necessidades. São identificados os problemas e preocupações do cliente sobre o seu envolvimento em ocupações e são determinadas as prioridades do cliente. (cliente: no caso da criança com autismo recorremos aos pais e cuidadores para obter esta informação). A informação recolhida é reunida no inicio do contacto com o cliente ajudando a fomentar o envolvimento e a relação, esta pode ser alterada, acrescentando-se mais informação ao longo do tempo de acordo com as alterações dos resultados pretendidos.







Na avaliação faz-se também uma análise do desempenho ocupacional, onde se identificam os problemas e potencialidades da criança, ou seja a sua funcionalidade. A observação do desempenho deve ser feita nos contextos diários, de forma a entender o que é faciclitador ou barreira ao desempenho adequado.
As competências e padrões de desempenho, os contextos, os requisitos das actividades e os factores inerentes ao cliente são todos considerados, mas apenas os aspectos seleccionados podem ser especificamente avaliados. Os resultados pretendidos são identificados, definindo-se os objectivos a ser atingidos através da intervenção.
A avaliação deve ser feita num processo colaborativo entre terapeuta e cliente.





Utilizando todo o seu conhecimento e as evidências disponíveis o terapeuta selecciona ou constrói quadros de referência para orientar a procura de mais informação avaliativa. Devendo realizar os seguintes passos:

1.Síntese da informação do perfil ocupacional, especificando as áreas de ocupação e seus contextos que necessitam de intervenção.
2. Observar o desempenho do cliente nas actividades desejadas, anotando a efectividade das competências e padrões de desempenho. Podendo usar avaliações especificas, conforme necessite.
3. Seleccionar tipos de avaliação especificos para identificar e medir os contextos, requisitos de actividade e factores inerentes ao cliente que influenciem o seu desempenho.
4. Identificar os factores facilitadores e as barreiras ao desempenho.
5. Descrever aspectos positivos (o que consegue, e o que está preparado para fazer) e fraquezas (limitações) no desempenho – descrever a funcionalidade.
6. Elaborar objectivos a curto e longo prazo em colaboração com o cliente, que sejam dirigidos para os resultados esperados, confirmando as medidas de resultados a usar.


7. Delinear uma potencial abordagem de intervenção, explicando a importância desta à família, e de que forma ela vai contribuir para alcançar os objectivos.

Assim, na realização de um relatório de avaliação o terapeuta ocupacional utiliza tanto o enquadramento da prática da terapia ocupacional (referido em cima) como o CIF, como um guião. O relatório inicialmente contém um perfil ocupacional da criança e uma avaliação do seu desempenho/funcionalidade. Descrevendo quais as áreas de ocupação em que tem sucesso e as em que tem dificuldades, quais os contextos que estão a influenciar positivamente o seu desempenho e quais os que se apresentam como barreiras, qual a história ocupacional da criança, e suas prioridades e resultados pretendidos. O relatório deve contemplar as competências e padrões de desempenho da criança, a sua funcionalidade. A partir desta descrição, e de forma a compreender o porque da falta ou alteração de determinada competência, o relatório deve descrever as funções corporais da criança. Compreendendo que determinadas funções alteradas, vão comprometer determinadas competências o que vai levar a limitação em actividades que se inserem nas áreas de ocupação da criança.

Quando se trabalha com crianças com perturbação do espectro autista e a sua família, os terapeutas podem necessitar de fazer questões específicas devido à complexidade e variedade das características desta perturbação. Questões adicionais podem incluir cuidados médicos, forma de comunicação, educação, composição da família ou suporte familiar. A informação recolhida sobre o perfil ocupacional pode ser obtida através: Entrevista ou observação.

Exemplos de questões efectuadas aos pais e/ou professores para construção do perfil ocupacional:

Exemplo do que se pode observar numa criança com perturbação do espectro autista:





Referências Bibliográficas:

Curso Superior de Terapia Ocupacional: Regulamento de educação clínica ano lectivo 2008/2009, ESTSP.
Faias, J. Enquadramento da Prática da terapia ocupacional: domínio e processo. Departamento de avaliação e intervenção terapêutica. Centro de estudos de ocupação humana. ESTSP. Março 2002
Miller-Kuhaneck, H., MS, OTR/L, BCP. (2001). Autism: A Comprehensive Occupacional Therapy Approach. 2º Edição, AOTA Press.
Trigueiro, M. Apontamentos policopiados das aulas de práticas laboratoriais de terapia ocupacional do 2º ano. 7 de Janeiro de 2009.

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